Iole de Freitas: o voo de Pégaso
Exposição apresenta 25 obras e uma escultura inédita da artista mineira na Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas
Pégaso é uma divindade da mitologia grega que mora na imaginação de muitos. Uma beleza de figura, um cavalo alado, que intriga e encanta, o Pégaso apresenta ideias opostas: como um ser imenso pode voar? “Iole de Freitas: o voo de Pégaso” é o nome da exposição com obras da artista mineira de Belo Horizonte que ocupará a Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas entre 26/3 e 26/6 de 2022. Estarão expostas 25 esculturas de tamanhos variados e uma produzida especialmente para essa mostra. Segundo Lígia Canongia, curadora da exposição, “remontar a Pégaso seria, pois, encontrar poeticamente relações de seus atributos com as esculturas da artista, uma vez que elas também são formas dançantes no espaço, malgrado seu peso e volumetria, sempre a evocar fluxos de passagem, de um lugar a outro, da concretude ao vazio, da sombra à luz”, diz. A entrada é franca e a Galeria de Arte funciona de terça a sábado, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 11h às 19h. Por causa da pandemia da Covid-19, a capacidade de visitantes é limitada a 50 pessoas e é obrigatório o uso de máscaras. A exposição tem patrocínio máster do Instituto Unimed-BH.
Produzidas em metal e policarbonato, as obras de Iole, de acordo com a curadora, representam a “possibilidade de fazer confluir os termos de uma dicotomia, pensar o mundo de forma a abarcar todos os seus sentidos de maneira não excludente, entender o mundo como uma realidade barroca. Seriam, assim, esculturas que parecem transpor fronteiras, como se estivessem em trânsito entre ordens distintas, entre polaridades, esculturas que buscam se expandir no espaço e no tempo”, explica. A exposição tem como objetivo “refletir a riqueza conceitual da obra, que opera com uma gama ampla de conceitos. Mas, numa tentativa de síntese, eu priorizei a ideia de tensão entre jogos de oposição, cuja proposta é de se diluírem, quando Iole conjuga peso e leveza, concretude e vazio, opacidade e transparência, limite e expansão”, observa Ligia. A artista afirma que as obras da mostra são formadas por “vários pontos de irradiação luminosa, constituídos por cada trabalho, sendo eles de aço ou translúcidos, não importa. Essa exposição é uma membrana luz”, atesta.
A ideia do Pégaso veio a fim de mostrar a fusão de ideias contraditórias que estão presentes nas obras de Iole. “Encontrei no mito de Pégaso um paralelo que me pareceu possível e poético para falar justamente dessa fusão entre ideias contraditórias, pois Pégaso é um cavalo que voa, um corpo sólido, volumoso e pesado que vence a força da gravidade e se lança no espaço”, ressalta a Ligia. “Apesar da evidência física da obra, o espaço permeia as esculturas, envolve suas superfícies e é envolvido por elas. O trabalho implica linha e volume, corpo e membrana, tensão e distensão, concretude e ar, na mesma dissolução dos opostos sugerida em Pégaso e explicitada na filosofia. São esculturas que parecem extravasar seus limites físicos, ir mais além e evoluir ao encontro de outros espaços, dialogando com a arquitetura ou a paisagem”, observa a curadora. Iole deseja que a exposição possa ser um alento. “Espero que alcance a cada um de maneira que possa acolhê-la, com ternura, em si”, deseja.
Iole de Freitas apresenta mostra Voo do Pégaso, com curadoria de Lígia Canongia. Foto: Lucas Malkut
André Rubião, diretor de Cultura do Minas Tênis Clube, aponta que receber as obras na Galeria do Centro Cultural Unimed-BH Minas é uma honra. “A última vez que Iole de Freitas expôs em Belo Horizonte foi há 19 anos, em 2003. Entendemos que trazer esta mostra inédita é uma oportunidade para o público mineiro revisitar e acompanhar de perto a trajetória dessa grande artista local, hoje reconhecida mundialmente", diz.
“A Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas tem realizado um importante trabalho de divulgação dos artistas mineiros, com isso, nomes como o de Iole de Freitas, que tem uma carreira consolidada e reconhecida internacionalmente, também ganha uma maior visibilidade junto ao grande público. Essa proposta vai de encontro aos objetivos do Instituto Unimed-BH, que há quase 20 anos é um dos grandes incentivadores da arte e da cultura do nosso estado”, afirma a diretora institucional do Instituto Unimed-BH, Mercês Fróes.
Obra que compõe a mostra Iole de Freitas - Voo do Pégaso. Foto: Rômulo
Sobre a artista
O crítico de arte Reynaldo Roels Jr. diz que nas obras de Iole, “uma vez que a ideia e o gesto extrapolam os limites estritos para os quais o material foi concebido, surge a tensão - a contradição - a partir da qual o trabalho se estrutura”. Com essas palavras, o que se entende é que a obra de Iole de Freitas, mineira de Belo Horizonte, tem como princípio a simplicidade. Formada pela Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), no Rio de Janeiro, em 1970, a artista muda para Milão, na Itália, onde trabalha como designer no Corporate Image Studio, da Olivetti, sob orientação do arquiteto Hans Von Klier. Inquieta, a artista, entre os anos 1970 e 1980, desenvolve trabalhos experimentais em fotografia e Super-8 nos quais a representação do corpo surge como tema principal. Cabe ressaltar que Iole tem conhecimento da técnica da dança clássica. Em 1986, recebe Bolsa Fulbright-Capes para pesquisa no Museum of Modern Art (MoMa), em Nova York. Entre 1987 e 1989, Iole dirigiu o Instituto Nacional de Artes Plásticas da Funarte, no Rio de Janeiro.
Foi a partir dos anos 1990 que a artista começou a criar esculturas em grandes dimensões. Alguns trabalhos são projetados para locais específicos, como a Capela do Morumbi, em São Paulo, e o Galpão Embra, em Belo Horizonte. Essas obras revelam o diálogo com o espaço expositivo e seus elementos arquitetônicos. As esculturas desenvolvidas entre 1995 e 1997 são mais fluidas, realizadas com materiais semitransparentes. Atualmente, Iole é professora de escultura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage - EAV/Parque Lage, no Rio de Janeiro.
Sobre o Instituto Unimed-BH
Associação sem fins lucrativos, o Instituto Unimed-BH, desde 2003, desenvolve projetos socioculturais e ambientais visando formar a cidadania, estimular o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, ampliar o acesso à cultura, valorizar os espaços públicos e o meio ambiente. Ao longo de sua história, o Instituto destinou cerca de R$140 milhões por meio das Leis municipal e federal de Incentivo à Cultura, viabilizado pelo patrocínio de mais de 5,2 mil médicos cooperados e colaboradores. No último ano, mais de 7 mil postos de trabalho foram gerados e 3,9 milhões pessoas foram alcançadas por meio de projetos em cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura, que estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. Acesse www.institutounimedbh.com.br e saiba mais.
Serviço:
Iole de Freitas: o Voo de Pégaso
Data: 27 de março até 26 de junho de 2022
Horário: terça a sábado, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 11h às 19h.
Entrada franca | Classificação: livre.
Capacidade: 50 pessoas.