Minastenista em Paris
Para a maioria dos atletas, técnicos e membros das equipes de apoio, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos representam um sonho. A concretização máxima de uma vida dedicada ao esporte que, em suma, envolve anos de treinamentos, trabalho duro e inúmeras abdicações. Um caminho de vitórias e derrotas, glórias e fracassos, que só quem realmente é apaixonado pelo esporte consegue percorrer. E mais do que chegar ao lugar mais alto do pódio, mais do que conquistar uma medalha, é carregar no peito as raízes e os valores mais nobres do esporte, como o respeito, a excelência e a amizade.
Quem nos prova isso é Elberto Furtado, campeão no esporte e na vida. Aos 59 anos, o minastenista está prestes a viver a primeira final Olímpica, ainda que na beira da quadra. Formado nas categorias de base do Minas Tênis Clube, o ex-central teve o sonho adiado por 36 anos, quando foi o último atleta a ser cortado da Seleção Brasileira, às vésperas dos Jogos de Seul 1988, pelo então técnico Bebeto de Freitas. Apesar da frustração naquele momento, o meio de rede seguiu a carreira sem mágoas e colecionou títulos até os 28 anos. Por influência do treinador, Elberto decidiu estudar e escolheu o Direito como um novo caminho, mas nunca abandonou o espírito Olímpico.
Em Paris 2024, é fácil notar um profissional de 1,98m trabalhando nos bastidores. Mais de três décadas depois, Elberto está pronto para testemunhar mais um marco na história do voleibol mundial. Responsável por toda a estrutura e operação da Arena Paris Sul, o minastenista viu nascer o palco dos jogos das seleções feminina e masculina de vôlei, além do vôlei sentado. “Estou fazendo as pazes com as Olimpíadas. Está sendo uma honra e uma experiência muito gratificante. Eu vim para a França em abril de 2023 e, desde então, participei do processo de planejamento e execução de toda a estrutura, então ver a Arena lotada, com tudo funcionando perfeitamente, é um sentimento maravilhoso. Está sendo uma entrega de mais de um ano de trabalho da minha parte e, ao mesmo tempo, uma experiência multicultural e multinacional”, revelou o minastenista.
Ex-central foi formado nas categorias de base do Minas (Foto: Centro de Memória do Minas Tênis Clube)
Sempre com a altura como aliada, Elberto deu os primeiros toques na bola nas categorias de base do Minas Tênis Clube aos 11 anos de idade. Com cerca de 1,94m já aos 14 anos, o minastenista também passou a ser um nome constante nas convocações da base da Seleção Brasileira e, pouco tempo depois, já se integrou ao elenco principal do Minas. O grande momento da carreira do central foi a conquista do tricampeonato brasileiro (1984, 1985 e 1986) e do bicampeonato sul-americano (1984 e 1985), com a histórica equipe “Fiat Minas”, dirigida pelo técnico coreano Young Wan Sohn. “Mais do que formar atletas, o Minas forma cidadãos. Todos os valores que carrego na vida eu aprendi no Clube, com meus companheiros de equipe e técnicos como o Sohn, Adolfo Guilherme, Ronaldo de Resende, Carlos Feitosa e Pacome. São pessoas que acrescentaram muito na formação do meu caráter e da minha índole, então fico feliz ao ver que o Minas continua sendo conduzido por minastenistas”, destacou Elberto.
O ex-central ainda teve passagens por clubes do voleibol italiano e francês. Com a camisa do Brasil, Elberto disputou competições como os Jogos Pan-Americanos, Pré-Olímpico e Sul-Americano. Fora das quadras, o minastenista também construiu uma carreira de sucesso e se graduou Mestre em Direito Público na Panthéon-Sorbonne, uma das universidades mais tradicionais da França. Coincidência ou não, o destino quis que Elberto voltasse a Paris: “O esporte me deu tudo na vida e estar aqui hoje, participando ativamente de uma Olimpíada, é reflexo de todas as experiências que acumulei ao longo da vida. Fiz amigos, conheci inúmeras culturas, aprendi diversos idiomas, enfim, toda a minha bagagem como atleta e posteriormente como profissional foram essenciais. Aqui em Paris, estou tendo a oportunidade de encontrar pessoas da minha ‘família esportiva’, atletas de várias gerações que fizeram parte da minha trajetória, então sou muito grato por ter o DNA minastenista. Dizem que a vida é a arte do encontro, mas acredito que a vida é a arte do reencontro, porque é o segundo que valida o primeiro”, finalizou.
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