Cultura

Exposição Avesso

Mostra coletiva traz trabalhos de Jorge dos Anjos, Froiid, Dyana Santos e Gilson Plano

A Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas inaugura, em 19/12, a exposição “Avesso”, mostra coletiva que reúne trabalhos dos artistas de Jorge dos Anjos, Froiid, Dyana Santos e Gilson Plano, sob curadoria de Lucas Menezes. A exposição tem entrada gratuita e pode ser visitada de terça a sábado, das 10h às 20h, e aos domingos e feriados, das 11h às 19h. O Centro Cultural Unimed-BH Minas está localizado na rua da Bahia, 2.244 – Lourdes.

Partindo do ateliê de Jorge dos Anjos, no bairro São Francisco, como ponto de encontro inicial, a exposição cria uma espécie de “prosa”, como define o curador: um diálogo entre artistas atravessado por técnica, pesquisa e convivência. “A exposição compartilha com o público essa conversa de cozinha, nessa busca constante pelo aprimoramento de conceitos e técnicas artísticas. A ideia é colocá-los juntos para mostrar os pontos de interseção entre seus trabalhos e também os de contraste”, afirma Lucas Menezes.

O avesso, metáfora que orienta a curadoria, refere-se ao que estrutura a forma e nem sempre está visível. O termo, ligado à costura, também se materializa na escolha de abrir a mostra com uma série de Jorge dos Anjos apresentada literalmente pelo avesso, “de costas” para quem adentra a Galeria de Arte. Já no início da exposição, o público é convidado a trazer um olhar atento para os bastidores dos processos artísticos.

As obras selecionadas para a exposição, algumas delas inéditas, atravessam a experiência mineira ao longo do tempo – são trabalhos que perpassam a experiência colonial mineira, o candomblé, o congado, o samba, os jogos populares, o bordado e a construção civil. O diálogo entre gerações – Jorge dos Anjos como mestre e referência, e Dyana Santos, Froiid e Gilson como artistas de uma mesma geração – evidencia a potência do encontro e a vitalidade da arte produzida em Minas Gerais.

Jorge dos Anjos

Artista de grande influência na formação dos demais participantes, Jorge dos Anjos reafirma seu lugar como pesquisador de sua linguagem. Em “Avesso”, ele traz pinturas, obras costuradas à mão sobre lona, gravaduras produzidas por queima de feltro e oito esculturas em pedra sabão talhadas em Ouro Preto.

Para Jorge, a mostra representa a força do encontro: “O ateliê sempre foi meu espaço de construção e reflexão. Receber esses artistas revitaliza. Me afasto do que penso e vou junto com pensar do outro – e isso também reafirma meu trabalho.” Seus trabalhos acionam referências profundamente mineiras, dialogando com a história e com a efervescência cultural do estado.

Froiid

O artista Froiid parte de sua pesquisa sobre jogo – entendido como linguagem da cultura da margem brasileira. Na exposição, apresenta um objeto escultórico de grandes proporções inspirado no Mineirão, intitulado “O pombo escapa ao morcego”, referência ao samba Morro do Sossego (Candeia/Arthur José Poener).

A obra, que também é sonora, perpassa toda a mostra e reorganiza as torcidas como uma rede neural. A instalação traz motores que vibram no espaço onde ficava a antiga Geral – território dos “geraldinos”, setor extinto com as reformas do estádio na década de 2010. A obra inclui automação sonora criada em parceria com o artista Ítalo Travenzoli. O movimento é criado a partir do que Froiid chama de “cânticos” da torcida e de sinos, aproximando o som da torcida à sonoridade religiosa.

Dyana Santos

A artista belo-horizontina apresenta três grandes bandeiras costuradas e bordadas a partir de pesquisa sobre o inventário de Bárbara Gomes de Abreu Lima, mulher escravizada e posteriormente liberta, que viveu no século XVIII em Sabará. A partir do documento, Dyana investiga legados, gostos e heranças culturais que funcionam como autorretratos dessas mulheres. Ela identifica o fazer artístico feminino de suas ancestrais – suas “mães” – como seu primeiro contato com a arte, por meio de bordados e costuras. Ao mesmo tempo, traz ao seu trabalho processos que dialogam com tradições afro-brasileiras e com a presença incontornável da mineração e dos metais em Minas Gerais.

Gilson Plano

Partindo de uma visita às Cavernas do Peruaçu, no norte de Minas, o goiano Gilson Plano desenvolve a série “Língua de Pedra”, composta por três obras que exploram movimentos geológicos e temporalidades de milhões de anos. Suas peças em encáustica – técnica que aquece e funde cera de abelha e pigmentos – criam composições abstratas que se relacionam com arquitetura e com a alquimia entre quente e frio.

Instituto Unimed-BH

O Instituto Unimed-BH completou 22 anos em 2025 e conta com o apoio de mais de 5,7 mil médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH. A associação sem fins lucrativos foi criada em 2003 e, desde então, desenvolve projetos socioculturais e socioambientais visando à formação da cidadania, estimulando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, fomentando a economia criativa, gerando trabalho e renda para diversas famílias, valorizando espaços públicos e o meio ambiente, através de projetos patrocinados, apoiados e realizados em cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura, que estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.

Exposição “Avesso”
Artistas: Jorge dos Anjos, Froiid, Dyana Santos e Gilson Plano
Curadoria: Lucas Menezes
Período expositivo: 19/12/25 a 22/2/26
Visitação: terça a sábado, das 10h às 20h, e aos domingos e feriados, das 11h às 19h.
Local: Galeria do Centro Cultural Unimed-BH Minas (rua da Bahia, 2244 – Lourdes.)
Entrada gratuita