Como ler Dalton Trevisan
O escritor paranaense Dalton Trevisan, conhecido como o vampiro de Curitiba, terá sua obra analisada pelo poeta, professor de literatura e editor Augusto Massi, na sessão do dia 22/8, terça-feira, do Letra em Cena. Como ler…. No Café do Centro Cultural Unimed-BH Minas, Massi será entrevistado pelo curador e jornalista do programa literário José Eduardo Gonçalves. Avesso às entrevistas, Massi diz que seria redundante o autor, que é também advogado, concedê-las. “Dalton está de corpo inteiro nos seus contos. Por vezes, inteiramente nu”, observa o palestrante. O ator Eduardo Moreira, do Grupo Galpão, fará a leitura de textos de Trevisan. As inscrições gratuitas podem ser feitas no site da Sympla. A classificação é livre.
Augusto Massi observa que Dalton Trevisan tem como característica uma locução direta. “Do ponto de vista formal, pratica uma linguagem seca, enxuta, cortante. É fiel às formas breves: começou com a novela, passou ao conto, deste ao poema e, por fim, ao que intitulou de “ministória”. Dalton Trevisan é um escritor afinado com as conquistas estéticas do modernismo”, aponta o professor. Atento ao cotidiano, segundo Massi, o “olhar diabólico de Dalton está sempre atento às misérias do cotidiano. A forma breve do conto privilegia e aguça o detalhe sórdido, a franja da loucura, o dedo mindinho do ciúme, as miudezas neuróticas. Dalton vampirizou Freud e Kafka”, atesta.
O autor começou a escrever na década de 1940. “Além de publicar novelas e contos, em edições artesanais e pequenas tiragens, militava de forma iconoclasta e vanguardista nas páginas da revista Joaquim. Nas trincheiras da revista, o jovem escritor trava uma guerra pessoal contra a mentalidade da província”, observa Massi. Sua obra “A Guerra Conjugal”, de 1969, foi adaptada para o cinema em 1975 pelo diretor Joaquim Pedro de Andrade. Em 1996, foi vencedor do Prêmio Ministério da Cultura de Literatura, recebido pelo conjunto de sua obra. Ganhou o 1º Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira juntamente com Bernardo Carvalho em 2003. O Prêmio Camões, o mais importante da literatura em língua portuguesa, foi recebido por Trevisan em 2012.
A literatura de Trevisan passou do papel para as telas de cinema no ano de 1975. O diretor Joaquim Pedro de Andrade utilizou o livro A Guerra Conjugal (1969) para fazer uma película homônima. No ano de 1996, Trevisan ganha o Prêmio Ministério da Cultura de Literatura, recebido pelo conjunto de sua obra. Já em 2003, ganhou o 1º Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira juntamente com Bernardo Carvalho. Na ocasião, o livro premiado de Trevisan foi Pico na Veia. O autor tem seus livros traduzidos para idiomas do mundo todo.
Uma marcante característica de Trevisan é a forma como investiga “histórias banais, rixas conjugais de João e Maria, taras amorosas da província, inferno familiar e doméstico, compondo uma galeria de personagens de classe média baixa (advogados, normalistas, garçons etc.)”, explica Massi. O paranaense evolui sua escrita com um mergulho nas diversas camadas sociais e chega ao submundo. Nas suas últimas obras, na virada do século XX para o XXI, ele investiga o mundo dos bêbados, drogados, ladrões, estupradores. “Sempre com o bote armado do humor e o alfinete ferino da ironia”, diz o palestrante.
Massi recomenda dois livros de Trevisan para iniciar a leitura da obra do paranaense. “’Guerra conjugal’, de 1968, um dos pontos altos da sua primeira fase e ‘Dinorá, novos mistérios’, de 1994, um ponto de virada da maturidade. Neste há um texto inteligentíssimo, sacana, agudo: ‘Um conto de Borges’”, conclui o palestrante.
Serviço
Letra em Cena. Como ler Dalton Trevisan, com Augusto Massi
Data: 22 de agosto de 2023, terça-feira
Horário: 19h
Local: Café do Centro Cultural Unimed-BH Minas
Classificação: livre
Inscrições: gratuita no site da Sympla
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