Como ler Maria Valéria Rezende
A sessão do Letra em Cena. Como ler… do mês de maio será sobre as letras da escritora santista Maria Valéria Rezende. No dia 30/5, terça-feira, às 19h, no Café do Centro Cultural Unimed-BH Minas, a escritora, crítica literária e historiadora brasileira Micheliny Verunschk vai conversar com o curador do projeto, o jornalista José Eduardo Gonçalves, sobre a obra de Maria Valéria. “Ela faz uma literatura comprometida com o exercício da alteridade, na construção de personagens à margem, seja a idosa que passa a viver nas ruas, seja o rapaz analfabeto, seja a mulher trancafiada em uma cela do Brasil colonial”, observa Micheliny. A leitura de textos será feita pela atriz e escritora Bruna Kalil Othero. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site da Sympla.
“As pessoas pensam que as freiras são bobinhas. Como podem escrever literatura?”, disse Maria Valéria Rezende para o jornal El País, em 2017. A escritora paulista, que soma 80 anos, é autora dos romances “Quarenta dias”, vencedor do Jabuti, em 2015, e “Outros cantos”, que recebeu o prêmio Casa das Américas, de 2016, além de ter participado do Festival de Literatura de Paraty, em 2017. A sua escrita é inventiva, solta e profunda, porém leve. A paulistana também é graduada em Literatura Francesa pela Universidade de Nancy, na França, e em Pedagogia pela PUC-SP e tem mestrado em Sociologia pela Universidade Federal da Paraíba. Na década de 1960, ela trabalhou como educadora popular, atuando em diferentes regiões do país e em todos os continentes, em programas de formação de educadores.
Segundo Micheliny Verunschk, não é necessário classificar em que movimento literário está a obra de Maria Valéria. “Importa mais saber que é uma literatura comprometida com um projeto literário de compreender esse Brasil subalterno e, nesse sentido, é uma autora que olha para a contemporaneidade em perspectiva com a formação violenta do Brasil. Maria Valéria Rezende escreve em direção ao outro”, explica a palestrante. Micheliny aponta que o fato de ela ser uma missionária em nada interfere em sua escrita. “O fato de Maria Valéria ser freira é, para a literatura, um acidente biográfico, como o fato de Vladimir Nabokov ter sido entomologista ou de Manuel Bandeira ter tido tuberculose. Mas creio que vinda de uma prática religiosa e política comprometida com a Teologia da Libertação, essa vivência pessoal talvez se faça presente nas histórias que escolhe contar. E apenas isso. O maior compromisso de Maria Valéria Rezende em sua obra literária é sempre com a Literatura, com a fabulação”, observa a palestrante.
A escritora Micheliny Verunschk será a palestrante do Letra em Cena de maio. Foto: Acervo pessoal
Idealizadora do movimento Mulherio das Letras, Maria Valéria estava preocupada com o espaço das mulheres na literatura. “Havia ali a preocupação política de ampliar espaços de debate e ação das escritoras num panorama que é, de partida, excludente. Em suas obras, a discussão do papel da mulher na sociedade está sempre em foco, ela tem grandes protagonistas, como a Alice de “Quarenta Dias” ou Maria, a militante de “Outros Cantos””, aponta Micheliny.
Para iniciar o processo de mergulho na obra de Maria Valéria Rezende, a crítica literária indica a publicação “Quarenta dias”. “Não há um livro de Maria Valéria que eu ache melhor, todos os que li são excelentes, entretanto tenho um amor compartilhado entre “Outros Cantos” e “Carta à Rainha Louca””, confessa a Micheliny.
Serviço
Letra em Cena. Como ler Maria Valéria Rezende, com Micheliny Verunschk
Data: 30 de maio de 2023, terça-feira
Horário: 19h
Local: Café do Centro Cultural Unimed-BH Minas
Classificação: livre
Inscrições: gratuita no site da Sympla
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