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Fernando Pessoa abre a temporada 2020 do "Letra em Cena"

No dia 10 de março, às 19h, será realizada, no Café do Centro Cultural Minas Tênis Clube (CCMTC), a primeira sessão da temporada 2020 do programa literário do Minas Tênis Clube, “Letra em cena. Como ler…”. Em seu quinto ano, o programa traz uma novidade: a apresentação de autores não brasileiros da língua portuguesa. E o primeiro homenageado será o poeta português Fernando Pessoa. A professora doutora de literatura da UFMG Maria Esther Maciel será a responsável pela análise da obra de Pessoa e de seus heterônimos. A leitura dos textos será feita pela atriz e escritora Bruna Kalil Othero. A entrada é franca. As inscrições devem ser feitas antecipadamente no site www.sympla.com.br.  Classificação: livre.

Sobre a inclusão de autores não brasileiros da língua portuguesa, o escritor e jornalista José Eduardo Gonçalves, curador do “Letra em Cena”, explica que se trata de uma expansão natural do programa. “Abrimos possibilidades de contar com autores de outros países que compõem este território de quase 300 milhões de pessoas no mundo que falam a língua portuguesa”, destaca. Ele também explica a escolha de Fernando Pessoa para abrir a nova temporada do programa. “Ele é o escritor português mais popular no mundo e muito querido no Brasil. Pessoa representa mais de cem autores que ele mesmo criou. Com ele, levamos para o ‘Letra em Cena’ a diversidade e a multiplicidade da língua portuguesa”.

Fernando Pessoa estudou na África do Sul. em escola inglesa, e tal educação influenciou o autor. “O fato de ter vivido na África do Sul e ter assimilado intrinsecamente o inglês foi importante, sim, para a sua obra. A leitura de autores de língua inglesa foi fundamental para sua formação como poeta. Pessoa criou revistas, teve um papel fundamental na renovação da poesia portuguesa do século XX, dialogou com as vanguardas do tempo, apostou na fragmentação do sujeito poético, mas também manteve um diálogo com as estéticas do passado e dialogou com a tradição. Sua multiplicidade não nos permite alojá-lo num lugar único”,  afirma a professor Maria Esther Maciel

Uma das características de Fernando Pessoa é sua extensa lista de obras assinadas por autores imaginários, criados por ele, ou seja, seus heterônimos. “Já foram identificados e divulgados em torno de 136 autores criados pelo poeta. Embora compartilhem certas afinidades, eles se contradizem o tempo todo. Um é futurista, urbano, irreverente (Álvaro de Campos); outro, voltado para a natureza e a vida simples (Alberto Caeiro); há o poeta erudito, afinado com a tradição clássica, de ideias mais conservadoras (Ricardo Reis); e o burocrata melancólico, que escreve fragmentos de cunho mais existencial.  Enfim, cada um tem seu perfil singular”, revela Maria Esther, acrescentando que os heterônimos de Pessoa se criticam mutuamente. “Isso se pode atestar em alguns textos. Mas todos mantêm uma reverência ao mestre Caeiro, que morreu muito jovem, mas deixou um legado de sabedoria para os outros. Tanto, que foi considerado o Mestre de todos”, explica a professora.

Sobre o Letra em cena. Como ler…

O “Letra em Cena. Como ler…” é um projeto do Centro Cultural Minas Tênis Clube com o escritor, jornalista e curador José Eduardo Gonçalves, que tem como objetivo levar grandes clássicos da literatura nacional, de forma fácil e leve, para o grande público. Para a temporada 2020, em abril, o programa apresentará as letras de Pedro Nava, sob o olhar do professor da UFMG Antônio Sérgio Bueno. Em maio, a obra de Ferreira Gullar será analisada por Antonio Cícero. Encerrando o semestre, será celebrado o centenário de Clarice Lispector, com palestra de Marina Colasanti.

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Serviço

Data: 10 de marçoterça-feira.
Horário: 19h.
Local: Café do Centro Cultural Minas Tênis Clube.
Classificação: livre.