Esporte e arte
Na Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas, que atualmente abriga a exposição “Instante Invisível”, composta por 138 fotos de Eugênio Sávio, produzidas em coberturas esportivas ao redor do mundo, foi realizado o encontro entre os atletas Thaisa Daher, bicampeã olímpica e central do Itambé/Minas, Leandro Vissotto, vice-campeão olímpico e oposto do Fiat/Minas, e o fotógrafo da mostra. Eugênio ciceroneou os atletas num gostoso e emocionante passeio pela mostra. Thaísa chamou a exposição de espetáculo e Vissotto disse que é maravilhosa. A mostra está aberta ao público e pode ser visitada de terça-feira a sexta-feira, das 10h às 20h, sábado, domingo e feriados, das 11h às 18h. A entrada é gratuita e, por causa da pandemia de Covid-19, a capacidade de visitantes é limitada a 30 pessoas e o uso de máscara é obrigatório. Quer ver essa conversa? Entre no canal oficial do Minas Tênis Clube no YouTube.
Em uma conversa descontraída e cheia de memórias, Thaísa e Vissotto foram unânimes em dizer o que as imagens passam.“Transmite emoção, né? Eu vi a foto ali e me arrepiei. Você vê o momento exato e olha a beleza do movimento. Porque a gente tá ali [na quadra] e não tá pensando nisso. A gente faz automático e quando o movimento é capturado da melhor maneira possível, porque só vi fotos lindas aqui, vira arte”, observou a central do Itambé/Minas. “A foto transmite a emoção da vitória. No vídeo passa muito batido, na foto fica congelado, é uma coisa que tem uma proporção muito maior. É impressionante a forma como o Eugênio enquadra as imagens”, constata Vissotto.
Curiosos e deslumbrados com as cores e imagens que estavam vendo, os atletas fizeram muitas perguntas para Eugênio, e uma delas foi como é possível fazer a imagem no tempo certo. “A gente vai treinando. O que é mais difícil é que são vários esportes. Primeiro a gente tem que saber que esporte que vai ser fotografado, tem que saber sobre a modalidade. Você tem que saber que horas vai ganhar ou perder. Tem que estar muito concentrado”, explicou o fotógrafo.
Mais que fotos, história e arte
A exposição “Instante Invisível” leva o visitante a vislumbrar imagens impactantes que o esporte produz. A equipe do Malacaxeta, responsável pelas ações educativas da mostra, acompanhou a conversa entre os atletas e o fotógrafo e realizou duas pesquisas. A primeira é sobre a participação feminina no esporte, e a segunda é sobre o corpo e suas relações com a Grécia antiga. Os estudos surgiram da observação de uma atleta bicampeã Olímpica visitar a mostra, Thaisa Daher, e da altura do Leandro Vissotto, vice-campeão Olímpico que mede 2,12m.
Segundo a pesquisa, a participação feminina no esporte perpassa por um passado complexo. Aqui no ocidente a construção de noções de corporalidade feminina se entrelaçou com as relações de classe, raça e gênero, em que a mulher tinha que ser meiga, gentil e fisicamente frágil. A “mulher doméstica”, as que pertenciam à elite, e os grupos de mulheres trabalhadoras que careciam de proteção, ou de se poupar de trabalho físico duro, com regimes mais justos de condições de trabalho.
Carolina Santana, gestora e fundadora da Malacaxeta, explica que para as mulheres conseguirem conquistar seu espaço no mundo dos esportes os empecilhos foram muitos. “Se a elegância e a delicadeza eram ‘atributos femininos’ altamente valorizados, as práticas físicas permitidas se restringiam àquelas que se conciliavam com as ideias que prevaleciam sobre a natureza fraca do corpo e do sistema reprodutivo femininos”, diz a arte educadora depois de consultar os artigos acadêmicos Mulheres atletas: re-significações da corporalidade feminina, de Mirian Adelman, e Mulheres, corpo e esportes em uma perspectiva feminista, de Patríca Lessa. Havia um grande receio sobre a realização de exercícios físicos pelas meninas. Essa ideia começou a ser modificada no fim do século XIX, como pode ser observado na proposta de 1882 de Ruy Barbosa, político da primeira repúblcia, na qual as escolas primárias deveriam passar a ter aulas de ginástica a fim de melhorar a harmonia das formas femininas e as exigências da maternidade.
Sobre o corpo e suas relações com a Grécia antiga, é importante ressaltar que os Jogos Olímpicos Modernos são os eventos mais importantes da agenda esportiva contemporânea mundial, realizado a cada quatro anos, em lugares diferentes do mundo, e que constitui herança da Antiguidade Clássica.
Por volta de 2.500 a.C., os gregos já se reuniam em festivais esportivos em honra a Zeus, o deus de todos os deuses, no santuário de Olímpia, localizado a cerca de 200 km de Atenas. A imagem da juventude, físico perfeito, corpo masculino e branco, são componentes que dominaram por longo período as imagens produzidas para os eventos olímpicos desde as primeiras edições dos posters oficiais até os Jogos Olímpicos de Munique em 1972.
De acordo com a pesquisa da Carolina Santana, atribui-se à Grécia antiga a origem da musculação. Nos primórdios da prática, os antigos provavelmente usavam pedras como peso. Relatos de 1896 a.C., por exemplo, indicam que pessoas já praticavam arremesso de pesos, também com pedras, em competições.
Há imagens da arte que remetem ao esporte, o Discóbolo é um deles. Esculpido pelo grego Míron, por volta do século V antes de Cristo (a.C.), a escultura tinha como objetivo homenagear um atleta na competição do lançamento de discos. Segundo a pesquisa de Carolina Santana, a obra original foi feita de bronze para homenagear o ganhador de pentatlo (competição de atletismo com corrida, arremesso de disco, salto, lançamento de dardo e luta). Tal guerreiro/herói foi prestigiado e perpetuado como vitorioso na história da humanidade e, em particular, do mundo esportivo, tornando-se ícone de perfeição do movimento, harmonia e proporção de cada músculo daquela organização sociocultural e seus valores político-ideológicos, mitológico-ritualísticos, artísticos, educacionais e militares da Grécia Antiga.
Sobre o Instituto Unimed-BH
Associação sem fins lucrativos, o Instituto Unimed-BH, desde 2003, desenvolve projetos socioculturais visando ampliar o acesso à cultura, promover a formação da cidadania, estimular o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, valorizar os espaços públicos e o meio ambiente. Ao longo de sua história, o Instituto destinou cerca de R$140 milhões, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e da Lei de Incentivo à Cultura (Federal), por meio do patrocínio de mais de 5,2 mil médicos cooperados e colaboradores. Em 2020, mais de 7 mil postos de trabalho foram gerados e 3,9 milhões de pessoas foram alcançadas por meio de projetos em cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura, que estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. Neste ano, todas as iniciativas do Instituto celebram os 50 anos da Unimed-BH.
SERVIÇO
EXPOSIÇÃO “INSTANTE INVISÍVEL”
Data: até 26 setembro
Local: Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas (rua da Bahia, 2.244. Lourdes)
Horário: terça-feira a sexta-feira, das 10h às 20h, sábado, domingo e feriados, das 11h às 18h.
ENTRADA FRANCA | Classificação: livre.
Capacidade: 30 pessoas.
Agendamento de visita mediada: educativogaleria@minastc.com.br.
Patrocínio Máster: Instituto Unimed-BH.
Patrocínio: Tora, Bioextratus, Macrotec, Data Engenharia, Carbel e Fortebanco
Apoio: Circuito Liberdade e Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais.
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